Aceite seus medos e cuide de sua saúde mental
Todo ser humano tem medo, ainda bem! Pois assim nos cuidamos e preservamos. Nossa natureza nos orienta, diante de um perigo, a termos reações de luta ou fuga, elas podem ser, segundo Peter Levine, “resumidas da seguinte forma: parada (maior vigilância, exame minucioso), fuga (primeiro, tentar fugir), luta (se o animal ou a pessoa são impedidos de fugir), congelamento (pavor – paralisia de medo) e desmoronamento (colapso em desamparo)”.
A pandemia desperta em nós medo e insegurança, isto é natural, pois estamos diante do desconhecido e de um inimigo invisível, vemos dois riscos: a infecção em si e futuro incerto. Medo é uma capacidade importante para a preservação da vida, fugimos e/ou agimos, temos ficado em casa (parada); no isolamento (fuga); lavando as mãos, saindo (quando necessário) de máscara, cuidando da alimentação, melhorando a imunidade, evitando estresses desnecessários (luta) etc. Devemos evitar entrar em pânico, ouvindo todas as notícias, desinfetarmos tudo várias vezes ao dia, pensarmos o tempo todo no coronavírus e por isso mantemos os músculos enrijecidos (pavor) e nos sentimos derrotados, sem vontade de nada (desmoronamento).
Nesse momento, quem já teve crise de ansiedade ou depressão e já trabalhou a si, tem a possibilidade de saber lidar melhor, pois já tem recursos internos para esse enfrentamento. Importante que essas pessoas continuem seu tratamento via psicoterapia e sua medicação. Para quem não está em tratamento, saiba que é normal termos oscilações emocionais, em alguns dias podermos estar mais tensos; noutros, tristes. O equilíbrio requer movimento. Para nos equilibrarmos, por exemplo: em uma corda esticada entre duas árvores, em alguns momentos ficamos um pouco mais parados, noutros nos balançamos, pois essa é a forma de ficarmos nela sem cair, assim como a vida e nossas emoções têm esse movimento na busca pelo equilíbrio.
Para cuidarmos da nossa saúde mental é importante mantermos nossa rotina, termos metas e tarefas do dia claras, mantermos tempo do descanso, sabermos a hora de parar de trabalhar (da casa e do trabalho), nos distrairmos com livros, filmes, conversas, incluirmos alguma atividade física adequada ao nosso espaço, tomarmos sol, ligarmos para pessoas queridas, falarmos o menos possível sobre a pandemia. Temos a possibilidade, enquanto humanidade, de aprendermos a viver melhor, com mais equilíbrio entre nós e com a natureza, então uma crise bem trabalhada leva a uma evolução.
O coronavírus é um inimigo invisível, mas não invencível!