A maternidade vem de berço? Como é ser mãe morando no exterior?

Desromantização da Maternidade

Afinal o que nossa sociedade espera das mulheres?  Na maioria das vezes, espera que elas cresçam, encontrem alguém, se casem e tenham filhos, como se isso fosse o auge da realização feminina, como se ser mulher e ser mãe fossem sinônimos. Querem também que elas sejam amorosas, dedicadas e que dêem conta de tudo, que sejam perfeitas, que não demonstrem aos filhos que choram, ficam ansiosas, que riem, ficam bravas. Algumas mulheres querem ser mães, mas existem outras que não querem e mesmo as que querem, passam por algumas dificuldades na hora do sonho virar realidade.

As etapas para “Ser Mãe”

Gravidez- Ela descobre que está grávida (segundo a Fundação Oswaldo Cruz, 50% das brasileiras não programaram a gravidez), seu corpo muda rapidamente, perdendo assim sua identificação corporal, isso pode trazer insegurança no relacionamento e baixa autoestima. Algumas sentem enjoos, fome de menos ou de mais, medo da hora do parto e muitas vezes têm dificuldades na hora do parto.

Nesse parto nasce um filho e uma mãe!

Nascimento- Com o nascimento, essa mãe tem que atender 24 horas as necessidades do bebê, sete dias da semana, muitas vezes privada de sono e isso pode levar a uma relação ambígua com o filho, pois ele é lindo, fofo e dá muito trabalho. A  mulher pode ser afetuosa, mas não suportar nenhuma das atividades que envolvam esses cuidados e não gostando dessas funções, é mal vista na sociedade. Existem outros obstáculos a serem vencidos: a “ditadura” da amamentação, disputa peito ou mamadeira. Com tantas renúncias e exigências, essa mulher pode ficar em um estado de melancolia e tristeza. Segundo  a American Pregnancy Associaton (Associação Americana de Gravidez), 70% a 80% das mulheres sofrem no período puerpério e 25% são acometidas com a depressão pós-parto.

Divisão de tarefas- Infelizmente ainda a divisão das tarefas entre os cuidados com a criança é desigual. Nossa sociedade ainda vê a mulher como a encarregada pelo bem-estar da criança, responsável pela organização e pela reprodução social, por isso é muito importante a mãe ter uma rede de apoio. Segundo o IBGE de 2017, as mulheres brasileiras gastam aproximadamente o dobro do tempo dos homens nos afazeres domésticos, mulheres gastam em média 20,9 horas por semana e os homens 10,8.

Assédio as mães

Nossas mulheres têm seus comportamentos vigiados e regulados em relação à criação dos filhos, existe um controle da gestação, de como ser mãe; ela tem que ser perfeita e gostar da função, tem obrigação de amar. A maioria das mães, que estão insatisfeitas com a maternidade, não externalizam esse sentimento em público por medo da rejeição e críticas. Algumas idealizaram ser mãe, mas quando se deparam com a realidade, percebem que não era o que pensavam.

E a mulher que não deseja ter filho, não recebe respaldo da sociedade para sua decisão, o que pode gerar medo do arrependimento de não ter sido mãe. É como se a decisão feminina não fosse legítima.

Mulher Mãe

Bom, o filho nasceu, já passou a fase inicial e essa mulher deseja retomar a vida profissional. Alguns obstáculos: onde e com quem deixar o filho; o conflito de querer retomar e também ficar com a criança (metade das mulheres deixa o emprego após um ano do início da licença maternidade-Fundação Getúlio Vargas).

Os relacionamentos também sofrem o impacto desse nascimento, as relações conjugais mudam em vários aspectos, inclusive a vida sexual do casal terá que ser reinventada. A relação com os pais e sogros, que agora passam para o papel de avós, pode gerar ciúmes, disputas de afeto e controle.  A relação com o próprio corpo sofre com as mudanças físicas, mexendo muitas vezes com a autoestima que pode ficar abalada. Nesse caso, o relacionamento consigo precisa ser revisitado e cabe a essa mulher superar as dificuldades em assumir e se reconhecer nesse novo papel, que é o de ser mãe.

Direitos reprodutivos

Devemos garantir a liberdade de homens e mulheres de decidirem se e quando desejam ter filhos: são escolhas, são direitos e não deveres.

Longe de Casa PSI - Terapia Online
Por Graziella Ferrari e Lu Barreiros - Longe de Casa PSI

E se precisar de apoio ou orientação, conte conosco: Terapia Online