A dor da rejeição, dói mais quando moramos no exterior?
Todos nós sentimos em alguns momentos da vida essa dor. Para uns, dói muito; para outros nem tanto assim.
Geralmente dói mais ao nos colocarmos muito disponíveis ao outro, acreditando que ele nos completa e, se não nos vemos como o escolhido, nos sentimos incompletos, sentindo nossa ferida narcísica e com ela vem a tristeza. Quando me sinto querido, meu ego se sente satisfeito e, se isso não acontece, nos sentimos vazios, frustrados e temos de lidar conosco.
É como se o outro fosse uma espécie de garantia da nossa “estabilidade” emocional e, se ele “some”, nos sentimos abandonados. Atualmente, sentimos muitas microrejeições, quando não recebemos resposta, não temos likes, temos que lidar mais rapidamente com a elaboração da rejeição, pois a quantidade de interações virtuais é grande.
Todos temos medo do abandono, é natural. Quando crianças, brincamos de sumir e aparecer ou os adultos brincaram conosco, é o começo da elaboração da perda, do abandono, nessa brincadeira trabalhamos aí a ausência e a presença. Essa brincadeira de esconde e aparece, estará presente no decorrer da vida, é a constituição e desconstituição da nossa própria identidade.
Por causa desse medo, temos medo de amar, é um risco bastante alto, pois podemos ser rejeitados, embora também rejeitemos em algum momento o outro, mas, se eu rejeito, tenho a impressão de que valho mais, como se fosse uma relação de poder, se o outro me rejeita, sinto como se tivesse menos valor. Às vezes nos autoboicotamos ou nos autopunimos buscando relacionamentos com pessoas que vão nos frustrar na relação, é como se repetíssemos nossa própria frustração.
O amor é uma relação de identificação, eu me identifico com uma parte do outro e essa parte dele acaba ficando em mim e de algum modo isso de mim está no outro. O sujeito se autopune pela perda do outro (pela identificação). Nós nos separamos um do outro e também de aspectos da nossa própria identidade que projetamos no outro. Como se um lado nosso morresse na perda da relação com o outro e isso fosse nossa própria morte.
Quando estamos carentes, buscamos no amor ser objeto, mas seria melhor sermos objetos e sujeitos em simultâneo. A posição amorosa é ambígua, é uma relação de faltas minhas e do outro.
Para elaborar a separação ou rejeição, é importante separar a energia estabelecida com o outro e investi-la em nosso ego. Se invisto em mim mesmo, aí eu me valorizo.
Texto baseado no vídeo ” A dor da rejeição e a neurose do abandono” com Daniel Omar Perez, no canal Soltos no You Tube